sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Poema de amor

Pablo Neruda


Nós perdemos também este crepúsculo.
Ninguém nos viu à tarde de mãos unidas
enquanto a noite azul caía sobre o mundo.

Vi, de minha janela
a festa do poente nos montes distantes.

Ás vezes qual moeda,
acendia-se um pouco de sol nas minhas mãos.

Eu te recordava com a alma apertada
por essa tristeza que tu me conheces.


Então, onde estarias?

Junto a que gente?
Dizendo que palavras?
Por que me há de vir todo o amor de um golpe

quando me sinto triste, e te sinto distante?


Caiu-me o livro que sempre se escolhe ao crepúsculo,
e como um cão ferido rolou-me aos pés a capa.


Sempre, sempre te afastas pela tarde
até onde o crepúsculo corre apagando estátuas.





Belizario, primavera 09.

Lava e leva

Meus amores se desfazem entre minhas mãos.
São gotas d'água, são grãos de areia.
Pegasus a bater asas nos céus.
Pássaros que migram para novas terras.
São como pé de vento, pé de chuva...
lava e leva.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

É nas quedas que o rio cria energia!

Vou sim sentir falta de muitas coisas. E morro de ciúmes de pensar que outra pessoa vai dividir a tua cama, a tua vida, os teus sonhos, teus medos, e eu não farei parte de nada disso, a não ser como uma lembrança. Não gosto de pensar que vai dançar com outras pessoas, que vai cozinhar pra outras pessoas, que vais dividir o teu copo com outras pessoas.
Nesse acordo, a minha participação não foi significativa, não tive direito de escolher, pois não havia o que escolher! Só podia concordar, mesmo não concordando.
E tive sim, muita raiva. E chorei, e bebi e me calei. Até conseguir sufocar meu coração que esperneava. Estranho que ele tenha parado de se mexer. Talvez tenha entrado em coma com o sufocamento, mas é melhor assim. Meu lado racional assumiu o controle de novo.
Mas agora parou de doer.
Pelo menos parece.