segunda-feira, 20 de junho de 2011

Desaniversário

Dois meses e dez dias. E não teve um dia sequer que não pensei no assunto.
Mas cada dia de uma maneira diferente.
Já passei pela fase do perdão, da raiva, do desprezo, da raiva de novo (essa foi mais constante), de desapego, e estranhamente, não sei em que fase ando.
Olho fotos, e tudo parece tão distante, tão longe.... longe... como se tudo tivesse acontecido há séculos.
Descubro fotos novas, que são a prova de que a vida continua, e me parece estranho. Tem certeza? Era isso mesmo? As pessoas sem as máscaras que vestimos nelas são tão diferentes.
Toco minha vida todo dia. Tomo atitudes de mudança todo dia. E aceito as mudanças, todo o dia.
Aprendizado.
Estou aberta pra vida. Mesmo com os machucados ainda cicatrizando.
Não preciso esperar nada.
Toda hora, é um bom momento para recomeçar.
Ainda sinto os momentos de raiva, mas não tento mais entender. Aceito. A vida tem seus devaneios, e nos arremessa por eles. Não há motivo para tentar entender. Apenas tocar em frente.
Preocupações demais não ajudam em nada. Sofrer não ajuda. Lamentar, reclamar, procurar culpados, não ajuda.
O sentimento precisa fluir, mas é preciso ter controle, até onde ele vai comandar? Não vai. Posso ficar mal, mas isso não precisa ser o todo. Toda dor de cotovelo é passível de ser superada.
E lá vamos nós. 



domingo, 19 de junho de 2011

O SOBREVIVENTE



Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.

Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.

Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta
muito para atingirmos um nível razoável de
cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto.


Os homens não melhoram
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heróicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.

(Desconfio que escrevi um poema.)

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Infinita procura...

Porque temos esse hábito masoquista de insistir em relacionamentos falidos? 
Será que essa carência, essa necessidade de ser amada, esse medo de ficar sozinha, realmente supera o amor-próprio?
É tão comum ver casais que não tem nada a ver um com o outro, mas que insistem nessa mentira, sabe-se lá por quais razões! A busca pela alma gêmea, pelo amor pra toda vida, por alguém que seja especial, está se tornando tão obsessiva, e tão difícil, que o Alguém acaba sendo qualquer um.
Ouvi esses dias que o amor, é como o papai noel, só que para adultos. A gente realmente acredita nele, e se ele não chegou ainda, é porque está preso na chaminé. Será mesmo? Mas e se papai noel não existir? Quem traz os presentes? Quem é responsável pela nossa felicidade? Quem vai nos tornar completos? Ora, não é óbvio? Amigos, família, cachorros, conquistas de cada dia... Felicidade é uma jornada, não um objetivo.
Não quero ser discrente no amor. Não sou. Mas um pouco de realismo faz bem.
Mas supondo que sim, existe o papai noel, existe a alma gêmea. Todo ser humano foi abençoado pelo destino, e tem uma alma gêmea vagando em algum lugar desse planeta. Nesse pequeno planeta. Alguém, entre esses seis bilhões de pessoas, espalhados por esses 500 milhões de quilômetros quadrados está te esperando, pra viver um grande amor, e envelhecer juntos.
Com essas estatísticas, fica fácil perceber porque tão poucos casais envelhecem juntos.
Martha Medeiros falou na crônica de domingo, que sorte se nossa alma gêmea morar na mesma cidade, e frequentar a mesma locadora! Mas por garantia, cada um deveria dar pelo menos uma volta ao mundo antes de se juntar com alguém.
Bom, se não achar ninguém, pelo menos vai se divertir e abrir os horizontes, para quem sabe perceber que esse tal alguém, não determina felicidade de ninguém.




















*Em tempo, o texto não tem endereço, é apenas uma reflexão baseada nas histórias que tenho ouvido por aí, e na minha própria história! Mas ela se encaixa na vida de qualquer ser humano que já quebrou a cara, ou quebrou o coração de alguém!