sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sabe?

Sabe aquela sensação estranha que as coisas mudaram, e tu não se deu conta? E de repente, se sente a última habitante perdida de Wonderland? E aquelas pessoas que tu confiaria a tua vida, agora não confia nem o relato do final de semana?
Estranhos novos tempos...





sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sári

"Até os sáris que usava revelavam essa característica. Sáris de algodão, engomados, exigindo muito planejamento e reflexão prévia. Nada de gazes diáfanas ou sedas sintéticas. Isso é para gente que muda de idéia umas seis vezes pela manhã, antes de decidir o que vestir. Isso é para gente fútil e volúvel. Sáris engomados pedem cabeças ordenadas, e Akhila se orgulhava de ser uma pessoa organizada."


Anita Nair in "Cabine para Mulheres"



sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Falso brilhante


Há o condicionamento de que amor mesmo, de verdade, é gastar metade do salário para a esquadrilha da fumaça assinar o nome da namorada pelos céus de Porto Alegre.

Temos uma noção de que amor mesmo, de verdade, é exibicionista. Depende de surpresas públicas de afeto como serenata na janela, carro de som, anúncios na TV, outdoors com pedido de casamento.

Mulheres e homens se desesperam por um amor público, encantado, de estádio cheio, e cobram provas mirabolantes de seus parceiros. Reclamam da rotina, da previsibilidade, e exigem declarações barulhentas para despertar a inveja do próximo.

O amor espalhafatoso recebe a fama, mas o amor contido é o mais profundo.

Ao procurar o amor empresarial, desprezamos o amor funcionário público, que atende às ligações e escreve nossos memorandos.

Ao perseguir o amor de cinema, desdenhamos o amor de teatro, de quem encena a peça todo dia ao nosso lado, sempre com uma interpretação nova a partir das falas iguais.

Ao cobiçar o amor sensual de lareira e restaurante, apagamos a delícia de comer direto nas panelas, sem pratos, sem medo do garçom.

Ao perseguir a aventura, negamos a permanência.

Preocupados em ser reconhecidos mais do que amar, esquecemos a verdade pessoal e despojada do nosso relacionamento. Recusamos o amor constante, o amor cúmplice.

Não valorizamos a passionalidade silenciosa, a passionalidade humilde, a passionalidade generosa, a passionalidade tímida, a passionalidade artesanal.

O passional pode ser discreto na aparência e prático na ternura.

O amor mais contundente é o que não precisa ser visto para existir. E continuará sendo feito apesar de não ser reparado.

O amor real é secreto. É conservar um pouco de amor platônico dentro do amor correspondido. É reservar as gavetas do armário mais acessíveis para as roupas dela, é deixar que sua mulher tome a última fatia da pizza que você mais gosta, é separar as roupas de noite para não acordá-la de manhã. E nunca falar que isso aconteceu. E não jogar na cara qualquer ação. E não se vangloriar das próprias delicadezas.

Buscá-la no trabalho é o equivalente a oferecer um par de brilhantes. Esperá-la com comida pronta é o equivalente a acolhê-la com um buquê de rosas vermelhas.

São demonstrações sutis, que não dá para contar para os outros, mas que contam muito na hora de acordar para enfrentar a vida.



Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, p. 2, 04/10/2011
Porto Alegre (RS), Edição N° 16846

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Cartas para Ninguém – X



by poetriz

M.
Hoje tive vontade de ligar pra você. Não liguei, você sabe.
Uma afirmação de um amigo ficou martelando na minha cabeça o dia todo: a gente sempre quer mais.
Hoje eu queria esse "mais".
Queria mais reconhecimento, mais respeito no trabalho.
Queria mais sossego e mais lugar na condução pública.
Queria mais saldo na minha conta bancária no fim do mês.
Queria mais sobremesa.
Queria mais fé, mais milagres.
Queria mais filmes divertidos ou românticos pra assistir a noite.
Queria mais passeios de mãos dadas, com você.
E mais nada.
F.
poetriz | out

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Dia Mundial do Vegetarianismo

Foi no dia 1º, mas eu só fiquei sabendo agora. Azar. Ainda vale a divulgação pela segunda sem carne!
Fica a dica!


Estabelecido em 1977 pela Sociedade Vegetariana Norte Americana, é um dia para se celebrar e refletir sobre o impacto que a nossa alimentação tem no meio ambiente e na sociedade e informar sobre as vantagens de uma alimentação vegetariana.
(...)
O fato é que o consumo de carne animal, requer quantidades imensas de solo, combustível, energia e principalmente, água. Para se produzir um quilo de carne de boi são necessários nada menos que 15.000 litros de água, enquanto um quilo de trigo requer 1000 litros. Como se não bastasse, os gases emitidos pela digestão dos bois contabilizam 18% dos gases que causam o efeito estufa, responsável pelo aquecimento global.
Ainda que você não seja vegetariano, celebre esse dia com seus amigos, vegetarianos ou não, evitando o consumo de derivados animais.
Se você é daqueles que não resiste a uma picanha, considere então uma redução em sua ingestão de carne. Eleja um dia da semana para ser o seu “dia vegetariano”. 

(...)
Tem dúvidas sobre os benefícios os benefícios de uma dieta sem carne para a sua saúde? Segundo a American Dietetic Association, "... dietas vegetarianas bem preparadas são saudáveis, nutricionalmente adequadas, e proporcionam benefícios de saúde na prevenção e tratamento de diversas doenças."
Por fim, mas não menos importante, vem a questão do respeito aos animais. Porcos, vacas, galinhas, perus, peixes, coelhos, cabritos..., destinados majoritariamente ao abate, são animais sensíveis e inteligentes. Estudos científicos recentes comprovam: eles experimentam emoções como o medo e a angústia e sentem dor exatamente como nós, seres humanos. Ainda assim, todos os anos, a indústria da carne submete bilhões de animais a maus tratos, confinamento, manejo brutal e morte cruel. Será que isso está certo?