Não queria, alias, ninguém iria querer isso, a não ser que seja muito masoquista. Mas sinto que está acontecendo tudo de novo. Além da separação física, parece que a separação de almas esta acontecendo.
Ausências, ausências, ausências...
Nada de emails, nada de mensagens, nada de contato ou lembrança, nem um oizinho. No máximo uma resposta quando faço uma pergunta.
Quantos compromissos uma pessoa pode ter, que não existe tempo pra uma mensagem de boa noite? Se o trabalho é a prioridade na vida, então, por conseqüência, o amor não é mais. No máximo um segundo lugar, a não ser que tenha que competir com a tese, ou com a militância, a faculdade, ou com qualquer coisa mais importante, como a previsão do tempo, sei lá. Então outras e outras coisa serão prioridade.
Por mais que tenha sido combinado, cada um segue sua vida, desculpa, mas não dá. Eu não sei seguir com a minha vida, enquanto parte dela está em outro lugar.
Não digo que estagnei tudo, continuei trabalhando, estudando, lendo, bebendo, mas em relação a pessoas, ah, como elas me aborrecem! Quantos homens desinteressantes, narcisistas, pouco criativos. Mudou o mundo, ou mudei eu? Acho que eu mudei, não consigo nem aceitar um convite pra sair. Só de pensar me dá preguiça! Fora que não estou nem um pouco interessada em nenhum tipo de contato físico, ok?
O problema é, não consigo, nem quero me desvincular dessa relação a distância, poderia mantê-la por muito tempo. Só que eu também preciso que duas pessoas estejam presentes, e não eu sozinha. Se é pra ficar sozinha, então é melhor abortar a missão de uma vez, e não ficar numa corda bamba, tentando descobrir o que está acontecendo.
Quando a solidão bateu, eu fui a escolha óbvia, mas agora que ela não se mostra tanto, eu também não sou necessária. Oi? Virei muleta. Apenas isso. Um placebo, um engodo, um passatempo.
E agora, sozinha em casa, numa sexta à noite - quase bêbada, já que fiz dessa garrafa de vinho a minha muleta - eu fico me perguntando... na verdade são tantas perguntas que nem sei.
Fui eu? Insisti quando não devia? Deixei me levar? Não percebi que não estava tudo bem? Não, eu percebi sim. Senti a mesma coisa em Minas. Mas desta vez foi mais sutil. O trabalho? Ah, sim, o trabalho, claro. O golpe de misericórdia. O carrasco piedoso, "eu não queria te matar, mas são ordens". "Eu não queria te dar o fora, mas a minha cabeça anda confusa". Sei.
Quando uma pessoa muito íntima atende o telefone, e te chama pelo nome, sendo que existem milhares de outros apelidos, isso quer dizer alguma coisa?
Tenho um amigo, que namora um cara em outro país. Milhares de quilômetros de distância, que não impedem que eles se falem pela webcam todo dia. Os dois são muito ocupados, mas conseguem se falar. E eu? Menos de 400 quilômetros, e sou chamada pelo nome. Só faltou manda "um abraço" no final.
Não posso seguir com a minha vida e "esquecer", quando existem assuntos pendentes. Se fosse apenas uma affair, tranquilo, mas existem sentimentos mais sérios envolvidos. Ou será que é apenas uma relação unilateral?
Não sou ciumenta, sentimental demais, nem paranóica, mas tenho uma intuição que não me trai. E sei exatamente, quando alguma coisa está fora da ordem.
E este é um desses momentos.
E como confio na minha intuição, sei muito bem o que aconteceu. E posso aceitar.
Mas não aceito a covardia. Onde está o homem na hora de dar uma má noticia? Onde ele está que não tem coragem de avisar que não quer mais continuar?
Pior do que a raiva, a tristeza, a mágoa, é a decepção.
Desculpa gatinho, mas agora quem não quer mais sou eu.
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