Ontem à noite, encontrei dois anjos. Não no sentido religioso da coisa, nao anjos com asas e roupas brancas, e tocando harpas. Aliás, ambos tocam, mas tambores e flautas. Tocam uma música cheia de ritmo, falam de amor e de saudade, e sentem esse amor com tanta intensidade, que te fazem sentir pequeno por nunca ter conseguido amar assim. Mas eles nao te condenam, ainda assim, eles te amam, e te tratam bem, e te acolhem e abraçam, e te beijam, e dizem que gostam muito de ti. Que loucura perceber que esse corpo e alma cheio de desvirtudes, pode alegrar aos anjos...
Ontem, quando percebi que eram anjos, era madrugada, e eu já estava naquele estado de consciência que alterna entre o plano físico e o etéreo (o que na verdade é uma maneira muito mais bonita de chamar meu estado de bebedeira), mas pude ver com muita clareza.
Um deles, a mais delicada, tem o corpo magro, e os olhos agitados, esses olhos se impresionam com o mundo, e tem tanto amor, mas tanto amor, que parece até que esse mesmo amor que a alimenta, a faz sofrer. Esse anjo ri, bebe, recita poesias, sonha, se apaixona, e faz todos ao seu redor se apaixonarem também. Esse anjo cativou todas as crianças ao redor, é livre, absolutamente livre, e por isso os homens tambem se apaixonam por seu corpo miúdo, que contrasta com sua alma imensa.
O outro anjo, (se é que anjos tem sexo) era um homem. Ele também era lindo, tinha até os cabelos cacheados. Ele toca, e dança, e brilha, e fez com que eu me apaixonasse. Seus olhos sao vivos, sua emoçao, sua empolgação, sua vontade de mudar o mundo contagia quem se aproxima. E quando ele pronuncia seus sábios conselhos de ancião o mundo pára.
Tem tanto que deixei de falar, da coragem, da poesia, da magia da companhia deles, da energia leve que os acompanha...
Exagerei? Foi assim que os vi ontem. Lindos e livres, com Neruda, cerveja e lua cheia.
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